terça-feira, 28 de junho de 2011

Ponto de Interrogação

E se um dia me perguntarem se eu já sofri por amor, eu direi sem dúvida alguma que não. Meu choro, minha desilusão não foram provas desse sofrimento. É fato que foi só dor, e mais um motivo pra não ser considerado amor. As minhas lágrimas, ao rolarem pela minha face, não representaram sinal de amor. Amor não mata, amor nos faz sentir vivos. Eu não sofri, em momento algum, eu sofri por perda, não por amor. Momentos que amei e fui amada, lembrarei sempre como coisas boas. A minha tristeza foi só adaptação. Amor é vida, amor é Deus. Nunca sofri por amor, muito pelo contrário, amar me fazia sentir nas nuvens, imaginando aquele que era digno de meu sentimento. A minha ilusão foi só ilusão, não foi amor, foi a falta dele. É a falta de amor que te separa de quem você acha que ama, porque a maioria dos casos, a questão é pose. A minha dor foi passageira, o amor é eterno, quem ama uma vez não deixa de amar. A minha tristeza foi só resquicío de você, aos poucos eu fui eliminando com as lágrimas, fui me renovando, e é por esse motivo, que hoje brota em mim um ponto de interrogação, a espera de alguém pra amar. E quando o amor terminar, é só um ponto final. E as lágrimas fazem a alma reviver. Ninguém, nunca, sofreu por amor.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Descance em paz, meu amor.

Meu pai vive me dizendo pra sair de casa, sabe se lá pra quê, ás vezes pra clarear a cabeça ou relaxar. Vive me contando inúmeros exemplos de pessoas que ficaram loucas de tanto estudar, toda vez a mesma história, que eu já sei de cor. Mal sabe ele que tem uma filha que já é louca, e não foi necessário eu ler mil e um livros, eu sempre fui assim. Ás vezes é melhor do que sair por aí bebada, me drogando, e com filho na barriga, mas infelizmente nada do que é certo nesse mundo é reconhecido. Chego a pensar que tamanho da bunda vai influenciar mais no seu salário do que a extensão do seu currículo.
Muitas vezes estou atrás de um livro por que ele tampa as imperfeições que me nego a enxergar, uma delas é você, mais uma indireta, mas chega! Você deixou de ser o centro das minhas atenções, agora pode ser este ou aquele, quem sabe aquele outro fulano, já que meu amor não teve valor. O livro me abre as portas, me sinto na história, e o vejo como uma forma de escapismo da realidade, ás vezes a história se parece muito com a minha, já deu pra perceber que ás vezes leio livros de terror né? Ao esconder meu rosto pela capa bem trabalhada pelo designer do livro, eu evito de olhar nos meus olhos e ver que nem tudo são flores, quando eu queria um jardim inteiro só pra mim. Aí entra aquela velha história: "Querer não é poder".
Já ouvi essa frase infinitas vezes, acho que pela quantidade que ouvi, conheço um pouco do que seria a tradução do infinito, mas quem é que foi o infeliz, com o perdão da palavra, que criou essa frase? Por que quando queremos algo podemos, afinal as proibições só existem na sua cabeça. Mas mesmo com toda essa frase de incentivo, continuo me camuflando atrás de um livro que me traduz, e é somente nessa condição que me sinto em paz. Ás vezes ficar lendo sozinha em casa me impede de sair de casa e enxergar coisas que eu me recuso, e mais uma vez retorno a um diálogo que já propuz: aonde é que existe mais loucura, na normalidade? no corriqueiro? ou no anormal? no novo? no inovador? É, realmente é uma loucura, não aproveitarmos uma capacidade única e exclusiva: pensar. É, eu não desperdiço, mas tenho um defeito: penso demais, critico demais, me decepciono demais.
E minha maior frustação: pensar demais, mas em você, perder meu tempo com uma coisa tão fútil que se iguala a você, Meu Deus, como posso? Me nego a aceitar esses pensamentos, e ás vezes é por isso mesmo que busco refugio nos livros, pra te esquecer, por que eles me lembram de uma coisa que eu nunca mais quero lembrar. E antes de querer ver flores em tudo, eu queria as flores, pra levar pro defunto, que você também deveria ir ao velório: meu amor por você. E mais uma vez eu quero chegar à ataraxia, um estado máximo de sabedoria, te eliminando de uma vez dos meus pensamentos.

domingo, 5 de junho de 2011

Valor diante da vida

Desde os primórdios da invenção dos automóveis, ele se porta como um local de convivência social, onde passamos grande parte do nosso tempo, seja no engarrafamento ou em uma viagem, sempre transitando de um lado para o outro como um formigueiro, as buzinas tocam sinalizando que o motorista atrás está com pressa, mas o sinal está vermelho e não há o que fazer. Além de facilitar nossas vidas, o trânsito se porta como mais um dos instrumentos de interação social.
E é nessa condição que deveria representar, antes de tudo, o sinal verde para a cooperação, porque do mesmo modo que não saímos por aí quebrando um prédio público não devemos fazer do trânsito um verdadeiro desastre. Até mesmo ao lembrar que há uma viagem a se fazer a preocupação vem a tona, por que não há cooperação por parte dos motoristas e aí reside um engano ao compará-lo a um formigueiro, que é um ambiente de relações mútuas, bem diferente do que ocorre nas vias transitáveis. Não muito raro, os chingamentos são ditos sem a menor preocupação de que irá ferir quem ouve e não adianta dizer que foi da boca pra fora, tudo é dito da boca pra fora, o trânsito se tornou alvo de uma corrida, cujo lema é "Salve - se quem puder."
O problema é mais grave do que se pensa e só não é resolvido porque estamos presos a um cinto de segurança em um engarrafamento sem fim e em nossa direção existem pessoas extressadas, atrazadas, bebadas e dispostas a tudo para passar na frente, esquecendo - se muitas vezes que o de trás pode estar mais necessitado e ao invés de tratamos a ferida com anti-séptico deveríamos previni - la com uma dose de paciência, que evitará dores de cabeça futuras que nenhum remédio milagroso terá poder de cura.
Não que o uso do cinto de segurança seja supérfulo, muito pelo contrário é indispensável, só há um problema: é individual, por isso nos preocupamos apenas com a nossa segurança, às vezes por falta de amor próprio, não fazemos uso do mesmo. É preciso que prendamos nossas vias de trânsito com um enorme cinto de segurança para que se possa proteger todos aqueles que nele trafegam e que presos pelo cinto possamos entender que cada um tem suas necessidades e o calor humano nos faça compreender que temos valor diante da vida.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fugindo de mim.

Você é normal o suficiente para distinguir a loucura da lucidez? Certamente você balançaria a cabeça no sentido positivo e seguiria, sem se dar conta de que a loucura é consequência de uma lucidez absurda. Darwin, Freud, Socrátes, são só três dos inúmeros que hoje admiramos e que foram nomeados de loucos no passado, isso porque a sociedade julga loucura tudo aquilo que a questiona, que a ameaça e que a representa de forma nua e crua, sem se dar conta de que os loucos são seu espelho, eles pensam de mais e dizem a verdade. Certamente você não deve estar entendendo nada, mas como já diz a letra daquela famosa música: "São coisas que só os loucos sabem."
Aqueles que se julgam normais são aqueles que enxergam loucura em tudo, que não arriscam, que isolados vivem só o normal, acabam desperdiçando grande parte da vida e que sem se submeter a olhares que poderiam ou não os julgar como tal. Mas definitivamente, os loucos são os mais lúcidos porque questionam os problemas da realidade e são capazes de enxergar - lós enquanto nossa sociedade corriqueira permanece parada, dotada de conformismo, pois é muito mais fácil aceitar tudo aquilo que lhe é imposto do que se rebelar pois isso resultaria no trabalho de pensar e após o gasto da energia, ser taxado como louco e ainda perder a guerra. E é exatamente esse pessimismo que nos impede de pensar no mundo que nos cerca e que continua produzindo seres alienados que se dizem "normais" e vivem na mais extrema "lucidez". O que mais me intriga é como podemos achar lúcido o abismo em que vivemos, alienados, conformados, apenas cumprindo rotina.
Enquanto muitos seguem a rotina com extrema normalidade muitos estão aprisionados pois a sociedade julga impossível de conviver com esse tipo de indíviduo, pois ele ameaça a mesmiçe de sempre, e o que sustenta esse medo é justamente a consciência dos nossos inúmeros erros, do nosso estado absolutamente normal de alienação e temos receio de mudar essa situação justamente para não vivermos aprisionados, discriminados e taxados como insanos. Afinal quem é mais lúcido, o insano ou o normal? O louco porque o mesmo entra no estado de loucura, porque pensa, ele busca soluções diferentes, ele vê o mundo diferente, ás vezes precisavámos enxergar o mundo de outra maneira, quem sabe isso aumentaria o brilho nos nossos olhos e também nossa vontade de acreditar em si, de aceitar e mudar a realidade. Ás vezes tenho vontade de ser louca, chego a agir como tal, é preciso ás vezes fugir de mim mesma, fugir do que a realidade, a sociedade e seus padrões construíram em mim.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Indireta

Hoje resolvi falar sobre mim, sobre o que eu vejo ao olhar no espelho. E acredite eu não enxergo apenas esse rostinho feio, eu olho para dentro de mim e vejo o que realmente sou, mas essa visão não é nítida, ás vezes sou um mistério até para mim mesma, as minhas constantes mudanças de humor são surpresa até pra mim. Talvez pela imaturidade eu viva indecisa, sem saber o que realmente quero, mas eu tenho certeza do que não quero ser, a começar por você. Sim, isso é uma indireta, esse você é específico, você sabe quando eu me refiro a você né? Deve ser por que ao dizer meu olhar muda, meu sorisso é inevitável e eu não sei como posso alimentar isso.
É inegável minha vontade de te ter por perto, ao mesmo tempo que eu sei o quanto sua vida se tornou mais fácil depois do nosso adeus, o quanto meu sentimento de incapacidade sofreu uma redução ao mesmo tempo que eu também sofri e como sofri e pra dizer a verdade, nada mudou, sigo sofrendo. Hoje tudo parece mais claro, vejo inúmeras possibilidades de mudar aquele relacionamento rotineiro e chato, mas já é tarde. A nossa hora já passou, assim como você atrasava várias vezes para me buscar e nosso encontro não fluia. Deve ser por isso que todas tentativas de volta fracassaram, sequer meus planos de bater na sua porta completamente nua prosperaram. Não que eu tenha tentado, mas não duvide do que eu seria capaz por você. Mas de que adiantaria? É, o relógio foi cruel com a gente.
Infelizmente já foi mais que comprovado que você "não é o cara certo pra mim" e como eu queria parar de insitir nessa história, mas se Deus escreveu eu e você, pra que escrevi mil e uma cartas de amor, a verdade é que eu não poupo amor principalmente se tratando de você. Revoltada, cheguei a desacreditar em Deus pois se é ele quem diz "Amai uns aos outros como eu vos os amei", mas depois de uma boa reflexão vi que não estava no ditado ser correspondida, vi também que não quero ser seca, sem amor, é lindo o que eu sinto, que pena você não saber o que é.
É fato que você também não sofre, mas também não sente nada, é oco, é um monstro que eu chego a ter medo e tenho ainda mais certeza de não querer ser como você. Hoje te enterro e tá escrito pra quem quiser ler, eu desisto, até por que ser persistente em certas situações de nada adianta. E eu seguirei com a calça rasgada, com a blusa velha, o chinelo remendado, o rosto sujo e o cabelo armado por que você pode ter me tirado tudo, me deixado na pior e me tirado o gosto de viver, mas eu devolverei o brilho aos meus olhos, alegria do meu sorriso e o movimento das minha pernas para seguir sem você, um alguém que eu me apoiei durante todo esse tempo, mas que não mediu forças pra me jogar no chão, mas já ouviu falar naquela história de seleção natural? Eu sobrevi e retornei mais forte e você? Tá eliminado, mané. (PS: EU TE AMO, quem sabe uma  repescagem? rs)