Eu sou culpado.

   Milhões de pessoas morrendo todos os dias nas filas dos hospitais, educação em greve, corrupção rolando em Brasília e você aí boiando nas águas do Cachoeira. Aposto que já deve me olhar abismado e dizer "não fui eu", mas é claro a culpa nunca é nossa, é do governo, que nós escolhemos, como diz o ditado "cada povo tem o governo que mereçe". Quer dizer que o país está um caos e ninguém tem nada com isso? Que não somos culpados? Conte-me mais sobre em quem você votou nas ultimas eleições, sobre sua participação política e o que você tem feito para evitar isso.
   Chega de se manter alheio, de ser o santo e o inocente, abster-se de culpa é persistir no problema, podemos ser condenados a um país acabado até o fim. Mais ainda há uma chance de mudar a nossa situação para sair da alienação e olhar para a frente, para o futuro, fazendo bom uso da sua mais poderosa arma: o título de eleitor, que combate, aniquila e destrói de uma só vez: a corrupção.
   Vamos ser responsáveis pelo progresso deste país de bater no peito e dizer eu sou responsável pelo Brasil, pela vida de pessoas que recebem atendimento em hospitais de qualidades, por milhares de formandos em busca de oportunidades e pela aniquilação da corrupção. Seremos!

A carapuça é seu número.

Não há nada tão egoísta por parte da sociedade do que crescer ensinando as crianças “cuide de si, você já tem problemas de mais” isso forma nelas um individualismo exarcebado que faz com que os problemas que perpassam o mundo a fora fiquem em branco, afinal “não tenho nada a ver com isso meu pai paga minha escola, tenho roupas lindas e de marca, vou a um hospital particular e se eu não passar no vestibular que se dane minha família tem dinheiro.” Mais uma vez ao umbiguismo é dado a glória e a coletividade rechaçada, talvez por isso nunca avancemos, talvez por isso a educação esteja um caos, a corrupção nas alturas e a saúde então nem se fala porque já morreu.
     A falta de consciência política implica na nossa letargia, afinal que sentido faz a nossa vida senão tivermos um ideal que fuja do meu umbigo e vá para o mundo, muito mais que um furinho na barriga é um buraco que se forma no mundo que tem o meu tamanho, que eu irei tapar. No mundo tem gente analfabeta, que morre nas filas de hospitais, que não tem aulas por conta de greve, que tem fome, fome não só de comida, fome de cultura, de educação, de saúde, de lazer, de vida e ainda assim continuamos olhando pro umbigo ou para o espelho. O mundo carece de vida, mas vida no sentido político, lideranças que lutem pelo povo e para o povo. Que tenham consciência que o problema do mundo é meu, não do o meu mundinho onde tudo é perfeito, mas o mundo que vivo que está em colapso por causa da minha falta de preocupação. A culpa é sua e não adianta por em ninguém, a carapuça é seu número.
    Certa vez me questionaram se eu queria ser mãe respondi que não era meu sonho, o mundo já tem filhos de mais, problemas de mais, fome de mais e preciso cuidar disso, não tenho serventia se não para isso. O mundo ta desabando lá fora enquanto estamos dentro do quarto que tem ar condicionado, internet e tudo que você precisa. Tem muita gente que tem tudo, que tem falta de tudo e você é responsável por tudo. Chegou a hora de crescer, de responder por suas responsabilidades, de assumir seu papel na sociedade e dizer que não aceita, de agir como gente grande. O mundo precisa de você, não o desaponte!    

Paralisação não só da educação, mas do país.

      Hoje estou sem aulas. Não, meu professor não está doente, não viajou e nem quis ficar em casa e isso também não aconteceu comigo ou com meus colegas. E sim por causa de muitos nãos também, mas em outros sentidos e destinados a outras pessoas. Não estamos com aulas paradas por simples prazer e sim por causa de um governo que não investe na educação, que não se preocupa com a formação de cidadãos firmes, capacitados, dotados de senso crítico, que não dá valor a profissão mais bonita do mundo: meus professores, a quem devo tudo que sou e tudo que me torno.
     Escuto o tempo todo a pergunta "quem é favorável a greve?" e não concordo, ninguém é favorável a greve, ninguém quer greve, nenhum professor quer simplesmente parar, nenhum aluno quer atrasar sua vida acadêmica, acho que o correto seria: quem está disposto a lutar por seus direitos, se a greve é a única maneira de sermos vistos, respeitos e de uma possível melhoria da educação que ela seja utilizada, não como um meio que todos querem, mas como o único que temos.
     Terminar um semestre tanquilo, dentro do prazo é importante, mas muito mais são os cinco anos que ficaremos na Universidade e é nesse tempo que devemos lutar pela qualidade, de ensino, do campus, dos professores, da blibioteca e de todo o país. Sou filha de professores e sei muito bem a realidade, apoio o movimento, não só por ser filha, mas por querer me tornar uma professora no futuro. Uma das profissões mais bonitas, que você compartilha seu conhecimento, que vê pessoas mudando, crescendo, amadurecendo, não há nada tão excitante! Todos querem ganhar bem serem reconhecidos no mercado, mas esquecem - se que para tudo isso, antes de tudo isso, teve um excelente professor. E não apenas por querer ser professora, mas por ser aluna, por estar nessa fase de acumular conhecimento, cada vez mais maravilhada, e quem me passa isso merece todo reconhecimento do mundo, meus professores, sem eles eu serio menos do que sou. 
   E a greve também não é só melhorias em salários, é melhorias de condições em todos os sentidos na Universidade, desde a blibioteca até o papel higiênico, afetando diretamente os alunos, que saiamos do buraco do nosso umbigo, para olhar para o burraco que afunda nosso país no caos que está a educação! E que não votemos nunca em governantes que não se preocupam com a nossa formação, seremos o futuro! Seremos o BRASIL! Façamos a diferença. A paralisação da educação implica na letargia do país, quando a mesma está paralisada, tudo paralisa, será que os governantes não percebem isso? Vamos à luta, afinal "quem não luta por seus direitos não é digno deles." (Rui Barbosa)

Educação, fonte de inspiração!

          Conforme previsto no artigo 227 da Constituição Federal promulgada em 5 de outubro de 1988, um dos direitos de todos os brasileiros é a educação, que deve ser assegurada pelo Estado. Sendo a sociedade um instrumento de vigilância da execução desse privilégio, cabe a ela promover, incentivar e colaborar para a realização do mesmo. A educação é a base de uma sociedade, sem ela não haveria saúde, pois não formaria médicos ou pesquisadores, não haveria balança econômica favorável e é justamente pela falta de investimentos na mesma que a administração pública se torna um caos, sem ela não formaríamos nem cidadãos conscientes. O descaso com a mesma implica na letargia do Estado.

      É inegável que as escolas existem e recebem os alunos. Algumas, em casos mais extremos, chegam a fechar por falta deles, isso prova que o Estado cumpre, em parte, o seu dever. Tudo estaria muito bem, se não fosse uma palavrinha: a qualidade, e é aí que reside o maior abismo do ensino gratuito brasileiro. A falta da mesma implica na formação de crianças e adolescentes sem senso crítico, espírito de liderança e muito menos desejo de mudar o mundo e acaba por ferir o artigo 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que diz que a educação visa o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparando para o exercício da cidadania e qualificação do trabalho. É como uma máquina quebrada que não exerce sua função!
    Muito mais que letras e números decorados, precisamos desenvolver no aluno a capacidade de pensar e agir por si próprio. Será que o porquê do caos em que a educação se encontra é, isoladamente, a baixa remuneração de professores? É inegável que o professor é um instrumento fundamental nesse processo e deveria ser mais valorizado, mas a causa não é o salário, um gari ganha mal e nem por isso a cidade está suja. Ela só fica suja quando as pessoas jogam lixo nela, e o mesmo ocorre com a educação.
    A má qualificação de professores despeja nas escolas profissionais incapacitados, que não tem a dinamicidade necessária para envolver os alunos com o conteúdo apresentado e muito menos a motivação, tendo em vistas o baixo salário que recebem. A má gestão de recursos destinados ao setor é a causa desse baixo salário, das escolas em péssimas condições de infra-estrutura, chegando a faltar desde a merenda ao material escolar. Médicos, engenheiros, juízes, advogados, profissões que sempre ganham mais que professor, há alguns pisos salariais que até pessoas sem curso superior tem o salário acima do que de um formado em cursos de licenciaturas. Esquece – se que para formar médicos, engenheiros e todas as outras classes existiu antes de tudo um professor, desde o que alfabetizou ao que deu aulas na faculdade. Viva o professor! Viva, Reconheça.
  A falta de interesse dos alunos também contribui para o fracasso da educação. Além de não serem alertados pelos próprios pais que o estudo tem o poder de modificar vidas, há as regalias concedidas pelo próprio Estado. Dificilmente há reprovação no Ensino Público, uma vez que é interesse do Brasil aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Mais vale o aluno reprovado do que o aluno aprovado que chega ao Ensino Médio sem saber a grafia do nome. Engana – se o governo achar que está bem na foto, pois desse modo não formaremos profissionais de qualidade e nem alcançaremos o desenvolvimento.

        É também interesse da política, ou melhor, dos políticos na formação de cidadãos sem senso crítico que mal se recordam em quem votaram e tanto faz em quem votarão, e o que os políticos querem é se manter poder, ainda que isso custe a alienação do cidadão. Nosso país é subdesenvolvido não porque não tem tecnologia, e sim porque não tem cérebro, um dos órgãos vitais do organismo, precisamos investir na educação para crescer, assim como uma criança cresce com a educação, e quando é perguntada o que vai ser quando crescer responde alguma profissão que requer como pré requisito o estudo.

       Como dito anteriormente, é dever do Estado conceder ao brasileiro um ensino público e gratuito, e é inegável que o faça, mas da maneira mais simples possível. Vivemos num país capitalista, onde é muito mais fácil contratar professores sem plano de carreira uma vez que o seu salário é inferior, ensinar o mísero e não saciar por inteiro a sede de conhecimento, do que investir pesado na educação melhorar o salário dos educadores, promover programas de incentivo ao aluno. O dinheiro que deveria estar na sala de aula aos olhos de todos, está em locais restritos como cuecas de políticos.

       Menos dinheiro na cueca, mais dinheiro na cabeça. Já! A corrupção traz inúmeros entraves para a educação, desde o desvio de investimentos a falta de senso crítico da população, a ignorância e isso representará a miséria de amanhã. Até porque não os interessa desenvolver a crítica nos alunos, uma vez que cidadãos conscientes pensariam melhor antes de elegerem os inimigos da educação.
       Países que cada vez mais alcançam prestígio, como a China e a Finlândia investem na educação, basta que o Brasil siga o exemplo, se é que deseja progredir. Investir na educação é muito mais que investir no futuro de jovens e crianças é pensar no país inteiro, é diminuir o número de presidiários pois a educação abre portas e não nos tranca em prisões, ela nos da a liberdade e a “maioridade” como dizia Kant. É aumentar o progresso econômico, e diminuir a dependência das pessoas do Estado com programas de bolsa família, cestas básicas, etc. É contribuir com INSS, com trabalhos formais. É o progresso.
      Mas é, antes de mais nada, a formação de pessoas, que só tem sentido enquanto seres pensantes, não há nada tão magnífico do que o aprendizado de uma criança, do que um jovem em seu primeiro trabalho e a emoção de passar em um vestibular. Nada é tão grandioso quanto a educação, nada, nada, nada. É algo que ninguém tira, é o bem mais valioso. Pro Brasil ser um país de todos, devemos ser todos cidadãos conscientes, educados, críticos e inspiradores!