Conforme previsto no artigo 227 da
Constituição Federal promulgada em 5 de outubro de 1988, um dos direitos de
todos os brasileiros é a educação, que deve ser assegurada pelo Estado. Sendo a
sociedade um instrumento de vigilância da execução desse privilégio, cabe a ela
promover, incentivar e colaborar para a realização do mesmo. A educação é a
base de uma sociedade, sem ela não haveria saúde, pois não formaria médicos ou
pesquisadores, não haveria balança econômica favorável e é justamente pela
falta de investimentos na mesma que a administração pública se torna um caos,
sem ela não formaríamos nem cidadãos conscientes. O descaso com a mesma implica
na letargia do Estado.
É
inegável que as escolas existem e recebem os alunos. Algumas, em casos mais extremos,
chegam a fechar por falta deles, isso prova que o Estado cumpre, em parte, o
seu dever. Tudo estaria muito bem, se não fosse uma palavrinha: a qualidade, e
é aí que reside o maior abismo do ensino gratuito brasileiro. A falta da mesma
implica na formação de crianças e adolescentes sem senso crítico, espírito de
liderança e muito menos desejo de mudar o mundo e acaba por ferir o artigo 53
do Estatuto da Criança e do Adolescente, que diz que a educação visa o pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparando para o exercício da cidadania e
qualificação do trabalho. É como uma máquina quebrada que não exerce sua
função!Muito mais que letras e números decorados, precisamos desenvolver no aluno a capacidade de pensar e agir por si próprio. Será que o porquê do caos em que a educação se encontra é, isoladamente, a baixa remuneração de professores? É inegável que o professor é um instrumento fundamental nesse processo e deveria ser mais valorizado, mas a causa não é o salário, um gari ganha mal e nem por isso a cidade está suja. Ela só fica suja quando as pessoas jogam lixo nela, e o mesmo ocorre com a educação.
A má qualificação de professores despeja nas escolas profissionais incapacitados, que não tem a dinamicidade necessária para envolver os alunos com o conteúdo apresentado e muito menos a motivação, tendo em vistas o baixo salário que recebem. A má gestão de recursos destinados ao setor é a causa desse baixo salário, das escolas em péssimas condições de infra-estrutura, chegando a faltar desde a merenda ao material escolar. Médicos, engenheiros, juízes, advogados, profissões que sempre ganham mais que professor, há alguns pisos salariais que até pessoas sem curso superior tem o salário acima do que de um formado em cursos de licenciaturas. Esquece – se que para formar médicos, engenheiros e todas as outras classes existiu antes de tudo um professor, desde o que alfabetizou ao que deu aulas na faculdade. Viva o professor! Viva, Reconheça.
A falta de interesse dos alunos também contribui para o fracasso da educação. Além de não serem alertados pelos próprios pais que o estudo tem o poder de modificar vidas, há as regalias concedidas pelo próprio Estado. Dificilmente há reprovação no Ensino Público, uma vez que é interesse do Brasil aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Mais vale o aluno reprovado do que o aluno aprovado que chega ao Ensino Médio sem saber a grafia do nome. Engana – se o governo achar que está bem na foto, pois desse modo não formaremos profissionais de qualidade e nem alcançaremos o desenvolvimento.
É
também interesse da política, ou melhor, dos políticos na formação de cidadãos
sem senso crítico que mal se recordam em quem votaram e tanto faz em quem
votarão, e o que os políticos querem é se manter poder, ainda que isso custe a
alienação do cidadão. Nosso país é subdesenvolvido não porque não tem
tecnologia, e sim porque não tem cérebro, um dos órgãos vitais do organismo,
precisamos investir na educação para crescer, assim como uma criança cresce com
a educação, e quando é perguntada o que vai ser quando crescer responde alguma
profissão que requer como pré requisito o estudo.
Como
dito anteriormente, é dever do Estado conceder ao brasileiro um ensino público
e gratuito, e é inegável que o faça, mas da maneira mais simples possível.
Vivemos num país capitalista, onde é muito mais fácil contratar professores sem
plano de carreira uma vez que o seu salário é inferior, ensinar o mísero e não
saciar por inteiro a sede de conhecimento, do que investir pesado na educação
melhorar o salário dos educadores, promover programas de incentivo ao aluno. O
dinheiro que deveria estar na sala de aula aos olhos de todos, está em locais
restritos como cuecas de políticos.
Menos
dinheiro na cueca, mais dinheiro na cabeça. Já! A corrupção traz inúmeros
entraves para a educação, desde o desvio de investimentos a falta de senso
crítico da população, a ignorância e isso representará a miséria de amanhã. Até
porque não os interessa desenvolver a crítica nos alunos, uma vez que cidadãos
conscientes pensariam melhor antes de elegerem os inimigos da educação.Países que cada vez mais alcançam prestígio, como a China e a Finlândia investem na educação, basta que o Brasil siga o exemplo, se é que deseja progredir. Investir na educação é muito mais que investir no futuro de jovens e crianças é pensar no país inteiro, é diminuir o número de presidiários pois a educação abre portas e não nos tranca em prisões, ela nos da a liberdade e a “maioridade” como dizia Kant. É aumentar o progresso econômico, e diminuir a dependência das pessoas do Estado com programas de bolsa família, cestas básicas, etc. É contribuir com INSS, com trabalhos formais. É o progresso.
Mas é, antes de mais nada, a formação de pessoas, que só tem sentido enquanto seres pensantes, não há nada tão magnífico do que o aprendizado de uma criança, do que um jovem em seu primeiro trabalho e a emoção de passar em um vestibular. Nada é tão grandioso quanto a educação, nada, nada, nada. É algo que ninguém tira, é o bem mais valioso. Pro Brasil ser um país de todos, devemos ser todos cidadãos conscientes, educados, críticos e inspiradores!
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