quinta-feira, 16 de junho de 2011

Descance em paz, meu amor.

Meu pai vive me dizendo pra sair de casa, sabe se lá pra quê, ás vezes pra clarear a cabeça ou relaxar. Vive me contando inúmeros exemplos de pessoas que ficaram loucas de tanto estudar, toda vez a mesma história, que eu já sei de cor. Mal sabe ele que tem uma filha que já é louca, e não foi necessário eu ler mil e um livros, eu sempre fui assim. Ás vezes é melhor do que sair por aí bebada, me drogando, e com filho na barriga, mas infelizmente nada do que é certo nesse mundo é reconhecido. Chego a pensar que tamanho da bunda vai influenciar mais no seu salário do que a extensão do seu currículo.
Muitas vezes estou atrás de um livro por que ele tampa as imperfeições que me nego a enxergar, uma delas é você, mais uma indireta, mas chega! Você deixou de ser o centro das minhas atenções, agora pode ser este ou aquele, quem sabe aquele outro fulano, já que meu amor não teve valor. O livro me abre as portas, me sinto na história, e o vejo como uma forma de escapismo da realidade, ás vezes a história se parece muito com a minha, já deu pra perceber que ás vezes leio livros de terror né? Ao esconder meu rosto pela capa bem trabalhada pelo designer do livro, eu evito de olhar nos meus olhos e ver que nem tudo são flores, quando eu queria um jardim inteiro só pra mim. Aí entra aquela velha história: "Querer não é poder".
Já ouvi essa frase infinitas vezes, acho que pela quantidade que ouvi, conheço um pouco do que seria a tradução do infinito, mas quem é que foi o infeliz, com o perdão da palavra, que criou essa frase? Por que quando queremos algo podemos, afinal as proibições só existem na sua cabeça. Mas mesmo com toda essa frase de incentivo, continuo me camuflando atrás de um livro que me traduz, e é somente nessa condição que me sinto em paz. Ás vezes ficar lendo sozinha em casa me impede de sair de casa e enxergar coisas que eu me recuso, e mais uma vez retorno a um diálogo que já propuz: aonde é que existe mais loucura, na normalidade? no corriqueiro? ou no anormal? no novo? no inovador? É, realmente é uma loucura, não aproveitarmos uma capacidade única e exclusiva: pensar. É, eu não desperdiço, mas tenho um defeito: penso demais, critico demais, me decepciono demais.
E minha maior frustação: pensar demais, mas em você, perder meu tempo com uma coisa tão fútil que se iguala a você, Meu Deus, como posso? Me nego a aceitar esses pensamentos, e ás vezes é por isso mesmo que busco refugio nos livros, pra te esquecer, por que eles me lembram de uma coisa que eu nunca mais quero lembrar. E antes de querer ver flores em tudo, eu queria as flores, pra levar pro defunto, que você também deveria ir ao velório: meu amor por você. E mais uma vez eu quero chegar à ataraxia, um estado máximo de sabedoria, te eliminando de uma vez dos meus pensamentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário